Que tipo de vida é verdadeiramente significativa?



Ontem estive muito tempo ao telefone com a minha melhor amiga. Já lá vão dez anos — parece que mudámos, mas ao mesmo tempo, parece que nada mudou.

Ela disse-me que a moradia está quase pronta, estão a pintar as paredes, e perguntou-me: “De que cor queres o teu quarto?” Sorri e respondi que não era preciso guardar, que já tenho casa própria onde ficar.

Ela, num tom sério, disse: “Não pode ser, tenho mesmo de te guardar um quarto, assim vens quando quiseres.” Depois, quase a falar para si mesma, acrescentou: “Vou pintar de cor-de-rosa princesa, afinal, para mim, vais ser sempre a minha pequena princesa.”

Por um momento, senti-me nostálgica. Somos amigas há dez anos, juntas superámos os momentos mais difíceis e partilhámos os segredos mais profundos. Mas, por causa das nossas vidas atarefadas, muitas vezes só conseguimos falar através de um ecrã. Ao longo de um ano inteiro, é quase só no Ano Novo que conseguimos estar realmente juntas.

Nestes anos, ela foi conquistando tudo passo a passo: comprou casa, carro, e no ano passado uma moradia. Eu também tenho casa e carro, claro que, comparando com ela, ainda estou a aprender — afinal, ainda não tenho uma moradia, haha.

Ambas viemos de famílias muito comuns, desde pequenas ouvimos dizer que “quem fica para trás, sofre”, por isso nunca parámos, sempre de cabeça baixa a correr atrás dos nossos objetivos. Ela estudava leis nos intervalos do trabalho; eu estudava psicologia depois do expediente.

Temos estado sempre a “progredir”, mas também sempre a pressionar-nos a nós próprias — parece que, tirando crescer e ganhar dinheiro, nada mais nos desperta interesse. No fim do telefonema, ela disse: “Estou quase a juntar o dinheiro todo para as obras, e depois, o que faço?” Brinquei: “Se não souberes, sustenta-me tu.” Ela respondeu: “Claro, mas tens de rezar muito por mim, para eu ficar rica depressa e poder cuidar de ti.”

Rimos as duas, mas depois ficámos um momento em silêncio. Parece que sempre sabemos para onde correr, mas raramente nos perguntamos para onde vamos. Porque não paramos um pouco?

Às vezes é mesmo exaustivo. E, nessas alturas, penso: além de progredir, que mais sentido tem a vida? Talvez a resposta não esteja lá no alto, mas sim no coração de quem está disposto a guardar-te um quarto e a pintá-lo de cor-de-rosa princesa.

São essas pessoas que te mostram que, mesmo que o mundo inteiro te apresse a crescer, haverá sempre um canto onde podes ser, em paz, uma pequena princesa.

Correr em frente é importante, mas saber porquê corres, e por quem ficas, talvez seja ainda mais importante.
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